terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

4.000 kilómetros de fotografías

38°21'2 - 2°06'36, de: Península
©Millás& Nave

A Juan Millás (Madrid, 1975) e a Eduardo Nave (Madrid, 1976) custa localizar as suas fotos quando se lhes pergunta onde as fizeram. Esta deslocalização era precisamente o que buscavam quando empreenderam o seu projecto Península. Assim se titula a proposta destes dois fotógrafos que nestes dias se expõe no stand da galeria Estiarte no ARCO. É o resultado de um "passeio" sem rumo que até agora acumula 4.000 kilómetros. O trabalho de dois caçadores de imagens originais, distintos. Uma mescla de arte e naturezas mortas, de testemunhos desumanizados e paisagens estáticas.

Começou faz um ano em Valência, onde vive Nave, e pretendem-no acabar em Portugal. "O que nos interessa do passeio é a falta de um destino concreto e quisemos fazer um relato fotográfico partindo da ausência de intenção", explica Millás. O dois vêm do fotojornalismo e um certo "cansaço" forçou-os a perseguir exactamente o oposto ás imagens informativas: uma reportagem sem tema.
Depois de 4.000 kilómetros à deriva, percorridos em várias etapas, não só se confundem os lugares, mas também a autoria das fotografias. "Já não sabemos qual é de cada um, mas neste projecto o fotógrafo pouco importa", explica Nave.

Uma série de números a modo de título, "sem dizer nada sobre elas": escrevendo sómente as suas coordenadas. O GPS que os acompanha também ajuda quando a viagem chega a um ponto morto ou não se põem de acordo sobre que direcção tomar. "Fazemos que o aparelho trace uma rota em direcção a Portugal e seguimo-la".

A maioria das imagens são paisagens solitárias, bares de estrada, edifícios em ruínas, paredes pintadas. A presença humana é muito escassa.

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